Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 28: CAPÍTULO XXVIII - ENFIM...

Página 172
Abaixou a cabeça e parou alguns minutos a vista enfraquecida nas feições da filha do abade. Ricardina continuava a tremer, encarando o aspeto do veterano.

- Veja lá se conhece o Calvo! - disse Norberto.

- Quem? - murmurou Ricardina, como se o dissesse para si mesma.

- O Norberto Calvo, o seu criado, o amigo do Sr. Bernardo Moniz.

Ricardina levantou-se, caminhando vacilante para ele, com os braços abertos em cruz, pedindo com este gesto que lhe dessem amparo.

- Ora venha de lá esse abraço! - disse o sargento. - Deixe-me abraçar a minha menina!

E levantou-a, exclamando:

- O velho ainda tem força! Não pesa três arráteis a minha fidalga! Parece-me que estou como há perto de quarenta anos, quando ela me botava os bracinhos, para eu a levar comigo. Então que me diz, Sr.ª D. Ricardina? Conhece ou não conhece o Norberto? Parece que não acredita!

- Acredito... - balbuciou ela. - Só tu podias ter o retrato do meu infeliz Bernardo.

- Infeliz é o Diabo! - acudiu Norberto. - Aqui não há ninguém infeliz... É o que lhe digo! A infelicidade acabou-se! Agora, viva a alegria!

E, dizendo, atirou o boné ao teto, aparou-o, e, atirando-o de novo, repetiu:

- Viva a alegria!

D. Ricardina desconfiou que o velho estava areado do juízo, e por isso fez pé atrás, atemorizada e condoída.

- Ela está a pensar que eu estou maluco, não é verdade, menino? - perguntou o sargento ao filho de Ricardina. - E esta fidalga também pensa isso? - indicou ele a viscondessa, a quem dirigiu estas palavras: - Olhe que eu também ajudei a criar sua mãezinha, a Sr.ª D. Eugénia, que era a cara de vossa Senhoria, sem tirar nem pôr... Pois, fidalga - continuou, voltado para Ricardina - , eu venho aqui pedir-lhe perdão de ter sido o causador de muitas desgraças.

<< Página Anterior

pág. 172 (Capítulo 28)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 172

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177