.. Não to direi; a tua alma adivinha-me... Olha que eu não posso defender-te, porque teu pai tem vontade de ferro, é inflexível, e eu valho menos nos juízos dele que a opinião de Norberto e dos criados, que lhe obedecem e morreriam por lhe satisfazer as vinganças. A minha filha, não podes contar com a tua mãe, senão para tomar o maior quinhão das tuas aflições. Se fores para o convento, ainda pode ser que eu peça à caridade da tua prelada que me deixe lá ir acabar os dias ao pé de ti. Irei ver-te, se o teu pai me deixar; e, se não for, hei de escrever-te todos os dias, hei de contar-te a continuação da minha vida, enquanto Deus quiser que eu seja o exemplo da penitência. A minha filha... O meu querido anjo do Céu... como eu me sinto tua amiga! - exclamou a senhora, abraçando sofregamente a menina, que a estreitava ao seio, beijando-lhe a cara. - Fiz-te minha confidente... Há dezassete anos que esperava esta hora... Dizia tudo a Deus; mas o coração ficava-me sempre abafado... Respirei agora; já sei que tenho um coração que se condói... Escuta... - interrompeu-se D. Clementina, fitando o ouvido - chega teu pai... Que me não veja ele sinais de lágrimas...