Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: CAPÍTULO V - MÃE E FILHA

Página 30

- E tu que me prometes, filha? - sobreveio D. Clementina, afetando alivio no sorriso.

- Que hei de eu prometer?

- Casas com o meu sobrinho Carlos?

- Não posso, minha mãe, porque tenho ódio àquela gente. Nunca os vi nesta casa senão depois que podiam levar daqui não sei que dinheiro. O que eles querem é que eu e a minha irmã levemos o dinheiro que lá é preciso...

- Tens razão! - exclamou expansivamente D. Clementina. - Tens razão! A tua alma vê bem as indignidades da minha família! Agora, imagino quanto será grande a tua repugnância!... Não ta combato... faz o que te disser o bom anjo das tuas orações... Vai para o convento, vai, meu amor. Os teus primos não me conheciam antes de saber-se que o teu pai dava trinta mil cruzados a cada filha. Voltavam-me o rosto, se acaso me viam, quando eu ia para eles com o coração cheio de ternura!... Eram aqueles mesmos que há um mês me beijaram a mão... eles, para quem eu tinha olhado com a humildade de pecadora a pedir-lhes que me concedessem o prazer de os contemplar... e me deixassem sentir o contentamento de ainda ter família, de pisar ainda as tábuas em que passei a juventude... Vexavam-se de me ver... - prosseguiu ela com transportada e veemente cólera. - Fugiam-me e creio até que o pai os castigaria, se me não fugissem Oh! Tu não sabes as desonrosas condições que eles puseram, antes de aqui virem pedir-te e a tua irmã... Nem eu tas digo, porque quero esconder de ti o orgulho do teu pai, orgulho misturado com baixeza... Ainda assim, quando vi os filhos do meu irmão, alegrei-me, imaginei-me outra vez na casa dos meus pais, rodeada de família, de tantos parentes, de tantas amigas, que todas me cuspiram na cara, pensando que não bastavam as lágrimas para o tormento!... Pobre mulher! Foi uma fraqueza de que tu me levantas, filha! Ensinas-me a ser nobre na desgraça, e mais não sabes quanto me cumpria sê-lo.

<< Página Anterior

pág. 30 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 30

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177