- Pois chora, chora por uma vez! - vociferou o abade, e saiu de ímpeto para o jardim.
D. Clementina saiu também, endireitando ao quarto das filhas. Abraçou Ricardina, e desafogou os soluços a beijá-la nos lábios e nos olhos.
- Vais depois de amanhã, meu amor do Céu!
- Paciência, minha mãe - disse sossegadamente a filha - , paciência! Que outra coisa esperávamos? Eu já o sabia...
- E hei de ir contigo... hei de ir dar-te o último abraço à porta do mosteiro.
- Último, não, minha mãezinha... Eu pedi a Deus que a mandasse comigo. Ouviu-me o Senhor. Quem me havia de dar o exemplo da resignação?
Neste lance, D. Clementina, após uma longa pausa, olhando fixamente para a imagem de um Cristo do oratório das filhas, exclamou:
- Meu Deus, sim? Que pergunta silenciosa fizera ela a Jesus?