Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS

Página 71

- Então o pai procura-me? - interrompeu ela sem entender de outra sorte o perigo das desconfianças.

- Não, minha senhora. O seu pai está na abadia - prosseguiu o médico, logrando prender-lhe o agitado espírito. - Dizem-nos cartas da terra que ele tem ataques de fúria e ameaça o nosso velho pai de lhe queimar as casas; mas, querendo Deus, a proeza não lhe será fácil, salvo se, como lá julgam, ele capitanear algumas guerrilhas que já se movem na Beira a favor de D. Miguel absoluto. Não é, porém, de esperar que o pai de vossa Senhoria, além de sacerdote, cavalheiro, e sobretudo ministro de paz, se manche nas demasias populares, sobrepondo em si toda a responsabilidade das malfeitorias que se praticarem. O seu pai não será tão rancoroso que, sabendo que a Sra. D. Ricardina é esposa do nosso irmão... Não tardará que seja. Vi uma carta do capitão-mor de Sintra anunciando ao filho que na volta do segundo correio, viria a provisão régia para se realizar o casamento, sem intervenção do pai de vossa Senhoria.

Prolongou-se a prática, em que D. Ricardina escassamente falou, até às seis da manhã. Queixou-se ela de forte dor de cabeça. O médico e o teólogo saíram da alcova de Bernardo, pedindo-lhe que conciliasse o sono. Eram sete horas, quando Ricardina caiu num marasmo sonolento com intermitentes de dormir e despertar sobressaltado.

À mesma hora, uma légua além de Condeixa, no sítio chamado Cartaxinho, saíram de súbito à comitiva da deputação treze homens armados, com os rostos mascarados ou cobertos de lenços. Pararam as caleças em frente das clavinas abocadas aos peitos dos condutores. O agressor que parecia acaudilhar a jolda aproximou-se das caleças, com a arma inclinada sobre o antebraço esquerdo, cotovelo levantado, e o dedo no gatilho.

<< Página Anterior

pág. 71 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 71

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177