- Saltem cá fora! - bradou ele.
Os lentes e os cónegos apearam.
- Sigam para além - disse Bento Adjuto, apontando para uma charneca na ourela esquerda da estrada.
Os treze formaram filas ao lado dos deputados, de três inocentes meninos parentes deles, e dos caleceiros e criados. Dados alguns passos, maniataram os arneiros e criados. com ameaça de os arcabuzarem se boquejassem um gemido. Em seguida emboscaram-se com os outros na espessura de árvores mal folhadas ainda.
- Deitem-se em terra! - ordenou coiceiro.
Enquanto os deputados se estiravam, exclamando clamorosas súplicas, Bernardo acercou-se do companheiro que cavalgara um possante cavalo do deão, e disse-lhe:
- Queres matá-los todos?!
- Sei o que faço - respondeu Bento Adjuto.
- Mas não é isso que se tratou.
- Amarram-se? - perguntou Megre.
- Nada de amarras, nº 5 ! - respondeu o comandante, que assim se arvorara por se ter em conta de mais sanguinário. - Segurem-nos a punhal e tiro!
Detonou a descarga de cinco arcabuzes. Os crânios dos dois lentes, Mateus e Figueiredo, abriram largas fendas por onde esvurmava o cérebro sanguento.
Aos outros! - bradou coiceiro.
- Isso é atroz! - atalhou Bernardo.
- Aos outros! - repetiu o chefe. - Leva rumor. Nº 2!
Outra descarga de três tiros feriu gravemente os cónegos, e levemente os dois meninos. Bernardo remessou o bacamarte, exclamando:
- Isto é infame!
- Não se alteraram as ordens - redarguiu coiceiro. - Os outros não morrem... não apenas avisados. Agora, fujamos!
E desataram em velocíssima corrida pelas gandras marginais da estrada.
- E a lista dos acusados? - perguntou Matos.
- Deve estar nos baús - disse coiceiro. - Voltemos atrás!
Voltaram às caleças; arrombaram os baús; encontraram papéis, que rasgaram, e, entre a roupa, alguns saquinhos de dinheiro.