Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS

Página 76

- Salva-a, se puderes... - disse o médico ao irmão, e saiu.

Foi à Ponte, coberta de académicos e povo. Contrafez-se, quando um amigo lhe disse: “Cuidado, que te denuncias!”

Perguntava serenamente se já viera notícia dos nomes dos presos, e quantos eram. Cinco, todos sabiam; mas ninguém dava a certeza dos nomes.

Ao meio-dia, entraram os presos por entre as turbas que voz em grita levantava “vivas” a D. Miguel I. Francisco Moniz examinou o trajo dos cinco presos, que traziam as caras ainda cobertas, excetuando coiceiro, que entrou sem o lenço, sorrindo aos conhecidos, e zombando sarcasticamente dos insultadores.

Respirou o médico. Nenhum dos quatro vestia como seu irmão. Correu a casa, encontrou Ricardina de joelhos, ao lado do teólogo, que também orava. Abraçou-os ambos, e clamou sofreando o júbilo:

- Não é nenhum dos cinco... Salvou-se...

- Salvar-se-ia?! - perguntou o irmão desconfiado. - Não será ainda preso, ou denunciado pelos cúmplices?

- Bem fundado receio! - obtemperou Francisco Moniz. - Que resolves tu?

- Que fujamos.

- Será bastante para nos denunciarmos.

- E pensas que nos salva o ficar? Crês que Bernardo volte a Coimbra? Nunca mais. Se pôde fugir, procuremo-lo na nossa casa. Que nos disse ele? Lembras-te? Que levássemos esta senhora a casa do nosso pai.

Ricardina seguia com um vivo movimento de olhos o diálogo dos dois; mas o restante da fisionomia parecia marasmado. O médico atentava nela suspeitoso de maus sintomas. Incitou-a com perguntas; mas nem sequer respondia soluçando. No entanto, o pulso batia aceleradíssimo, e as faces conservavam a compostura não indiciativa da demência, chamada espasmódica. Levaram-na ao quarto de Bernardo.

Neste comenos, voltou um académico vizinho com a notícia de terem sido presos quatro estudantes no Rabaçal, dois na Ega e um em Pereira .

<< Página Anterior

pág. 76 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 76

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177