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Capítulo 13: CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO

Página 85
Depois, como a bouça era entremeada de grandes clareiras, visíveis dos picotos da montanha eminente, prosseguiram até se embrenharem num pinhal, cujas ramarias estilavam ainda o orvalho da noite.

Apeou-se Bernardo nos braços do confidente de Ricardina, e voltando-se peito com peito abraçou-o com efusão de lágrimas, exclamando:

- Foi Deus que te enviou no meu socorro, meu amigo!

- Agora é comer! - disse Norberto, despejando os alforges. - Ainda temos meia galinha, dois salpicões cozidos e pão branco. Vinho não no há; mas bebe-se água, que corre lá em baixo um regato. Ande-me, Sr. Doutor! Coma bem, se tem vontade. Olhe esta perna de galinha; vá misturando com o salpicão. Se quiser água, vou-lha buscar nas abas do chapéu. De fome já não morremos hoje. O pior é o macho, que não come rama de pinho; mas o descanso também é mantença.

Recobrou cores o estudante assim que deglutiu os primeiros bocados.

- Para onde ias, Norberto? - perguntou Bernardo.

- Para Coimbra.

- O teu amo já sabia da morte dos lentes?

- Não, senhor; pois como havia de ele saber, se eu fiquei atónito, quando mo contaram ontem à noite na estalagem de Porto Coelheiro!

- Mas que caminho trouxeste de Viseu para aqui?

- É que o meu amo mandou-me à Redinha com carta a um fidalgo não sei para quê. Acho que é coisa de partidos pra se levantarem guerrilhas por todo o reino; que eu também desconfio que o Sr. Abade o que quer é saber se está em Pombal o corregedor que fugiu de Viseu quando meu amo saiu da cadeia.

- Mas que ias tu fazer a Coimbra?

- Ia ver a fidalga. Vossa Senhoria já casou com ela?

- Ainda não.

- Pois é preciso casar, senão arrenego-me, e vai tudo cos diabos. É ao que eu ia.

- E sabias onde ela estava?

- Não; mas o meu objetivo era procurar o Sr.

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pág. 85 (Capítulo 13)

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Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177