Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO

Página 84
A paragem repentina do macho e a fixidez do cavaleiro deviam aterrar o foragido; mas nem de leve o abanaram. Desencostou-se da árvore, deu dois passos vacilantes para o outro, e disse:

- O senhor faz favor de me dizer que terra é aquela onde se vê uma torre?

- Ó Sr. Doutor!... - bradou o assombrado passageiro, deixando cair as bandas do capote. - É Vossa Senhoria?... É o Sr. Doutor?

E, dizendo, apeou de um salto, e correu para Bernardo Moniz que lhe abria os braços, exclamando:

- Tu aqui, Norberto!... Que vens fazer? Onde estamos nós?

- Perto de Condeixa, senhor.

- De Condeixa?! Ó meu Deus! Pois eu estou em Condeixa? Andei mais de três léguas e estou no mesmo ponto donde fugi!

- É meia légua daqui lá... - disse Norberto. - Querem ver que vossa senhoria...

- Acaba, meu amigo!... Perguntas-me se sou um dos desgraçados estudantes que mataram os lentes?

- É que ali atrás encontrei muita gente no sítio onde os mataram, e fui ver o sangue. Valha-me Deus!... Vamos embora daqui, porque andam esses caminhos até Freirigo cheios de povo na cola dos estudantes, e já lá vão para Coimbra nove, que eu ouvi dizer. Salte para cima do macho, Sr. Doutor. Vamos sair da estrada por este caminho de cabras até arribarmos lá prá serra. Ande depressa que não vá o Diabo armar das suas. Vossa Senhoria está a perder a cor... Valha-me S. Pedro.

- Não como há dois dias, sinto-me a desfalecer... - murmurou Bernardo.

- Há aqui que comer, graças a Deus. Os alforges trazem provimento. Toca a sair da estrada, que é o principal.

Bernardo Moniz cavalgou ajudado pelo ombro de Norberto Calvo. Subiram o escarpado trilho por onde o fugitivo descera à estrada, e contornearam a parede de uma devesa de carvalhos até encontrarem passagem para dentro.

<< Página Anterior

pág. 84 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 84

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177