A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 12 / 524

Há muitas leis que regulam a variação, poucas das quais podemos perceber indistintamente e que mais tarde mencionaremos com brevidade. Aqui não farei mais do que aludir ao que se pode chamar «correlação de crescimento». Qualquer mudança no embrião ou na larva comportará certamente mudanças no animal maduro. Nas monstruosidades, as correlações entre partes completamente distintas são muito curiosas; e a grande obra de Isidore Geoffroy S. Hillaire acerca deste assunto contém muitos exemplos. Os criadores acreditam que os membros longos são quase sempre acompanhados por uma cabeça oblonga. Alguns exemplos de correlação são absolutamente fantásticos: assim, os gatos com olhos azuis são invariavelmente surdos; a cor e as peculiaridades constitutivas, das quais se poderia dar muitos exemplos notáveis entre animais e plantas. A partir dos factos coligidos por Heusinger, parece que o modo como certos venenos vegetais afectam as ovelhas e os porcos brancos é diferente do modo como afectam os indivíduos coloridos. Os cães sem pêlo têm dentes imperfeitos; os animais com pêlo longo ou áspero são susceptíveis, segundo se diz, a ter cornos compridos ou muitos cornos; os pombos com pés plumados têm pele entre os dedos exteriores; os pombos com bico curto têm pés pequenos, e os que têm bicos compridos têm pés grandes. Portanto, se o homem continua a seleccionar qualquer peculiaridade, deste modo aumentando-a, quase de certeza modificará inconscientemente outras partes da estrutura, devido às misteriosas leis da correlação do crescimento.

O resultado das diversas leis da variação, absolutamente desconhecidas ou obscuramente entrevistas, é infinitamente complexo e diversificado. Vale bem a pena estudar cuidadosamente os vários tratados publicados acerca de algumas das nossas plantas de cultivo antigas, como o jacinto, a batata e mesmo a dália, etc.





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