A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 13 / 524

; e é realmente surpreendente observar os intermináveis pontos de estrutura e constituição em que as variedades e subvariedades diferem ligeiramente entre si. Toda a organização parece ter-se tornado plástica e tende a afastar-se até certo ponto da organização do tipo antecessor.

Nenhuma variação não hereditária é importante para nós. Mas o número e diversidade de desvios de estrutura hereditários, os de ligeira e os de considerável importância fisiológica, não têm fim. O tratado do Dr. Prosper Lucas, em dois enormes volumes, é o melhor e mais completo nesta matéria. Nenhum criador duvida da força da tendência hereditária: «o semelhante produz o semelhante» é a sua crença fundamental; só foram levantadas dúvidas a este princípio por alguns teorizadores. Quando um desvio aparece frequentemente e o observamos no progenitor e na cria, não sabemos se se deve ou não à acção da mesma causa original sobre ambos; mas quando entre indivíduos aparentemente expostos às mesmas condições, qualquer desvio muito raro, devido a alguma combinação extraordinária de circunstâncias, aparece no progenitor - digamos, uma vez em muitos milhões de indivíduos - e reaparece na cria, a mera doutrina das probabilidades quase nos compele a atribuir à hereditariedade o seu reaparecimento. Todos devem ter ouvido falar em casos de albinismo, pele espinhosa, corpos peludos, etc., que aparecem em diversos membros da mesma família. Se os estranhos e raros desvios de estrutura são realmente herdados, pode-se admitir livremente a hereditariedade dos desvios menos estranhos e mais comuns. Talvez a maneira correcta de encarar todo este assunto seja considerar a hereditariedade de toda e qualquer característica como a regra e a não hereditariedade como a anomalia.

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