Vimos que as espécies que mais variam são as espécies comuns, amplamente disseminadas, amplamente distribuídas e que pertencem aos géneros mais vastos; e estas tenderão a transmitir à sua prole modificada aquela superioridade que hoje as torna dominantes nos seus próprios territórios. A selecção natural, como ainda agora se observou, produz divergência de carácter e muita extinção de formas de vida intermédias e menos aperfeiçoadas. Julgo que com base nestes princípios se pode explicar a natureza das afinidades de todos os seres orgânicos. É um facto deveras maravilhoso - cuja maravilha tendemos a ignorar devido à familiaridade - que todos os animais e todas as plantas em todas as épocas e lugares estejam interligados pela subordinação de grupos a grupos, como observamos em toda a parte - nomeadamente, variedades da mesma espécie com maior grau de proximidade, espécies do mesmo género cujas relações de parentesco são menos próximas e mais desiguais, formando secções e subgéneros, espécies de géneros distintos muito menos intimamente próximas e géneros em diferentes graus de proximidade, formando subfamílias, famílias, ordens, subclasses e classes. Os diversos grupos subordinados dentro de qualquer classe não podem ser classificados num único compartimento, mas parecem antes aglomerar-se em torno de alguns pontos e estes em torno de outros pontos, e assim sucessivamente, em círculos quase intermináveis.