A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 141 / 524

Não vejo, na perspectiva de que cada espécie foi criada independentemente, qualquer explicação para este grandioso facto na classificação de todos os seres orgânicos; mas isto, tanto quanto compreendo, explica-se através da hereditariedade e da acção complexa da selecção natural, implicando a extinção e divergência de carácter, como vimos ilustrar pelo diagrama.

As afinidades de todos os seres que pertencem à mesma classe foram por vezes representadas através de uma grande árvore. Creio que há muita verdade nesta analogia. Os ramos verdes e em desenvolvimento podem representar as espécies existentes; e os que foram produzidos em cada ano anterior podem representar a longa sucessão de espécies extintas. Em cada período de desenvolvimento, todos os rebentos que crescem procuraram expandir-se em todas as direcções, superar e matar os rebentos e ramos circundantes, da mesma maneira que as espécies e os grupos de espécies procuram subjugar as outras espécies na grande batalha pela vida. Os membros divididos em grandes ramos e estes por sua vez em ramos cada vez menores foram, eles próprios, outrora, quando a árvore era muito jovem, rebentos; e esta conexão entre os rebentos anteriores e os actuais através dós ramos bifurcantes pode muito bem representar a classificação de todas as espécies', as extintas e as vivas, em grupos subordinados a grupos. Dos muitos ramos que se desenvolveram quando a árvore era um mero arbusto, apenas dois ou três, hoje convertidos em grandes ramos, sobrevivem e sustentam todos os outros ramos; analogamente, das espécies que viveram durante os períodos geológicos remotos, pouquíssimas têm hoje descendentes vivos e modificados. Desde que a árvore começou a crescer, muitas pernadas e ramos decaíram e desapareceram;





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