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Capítulo 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO

Página 147
A avestruz, de facto, habita em áreas continentais e está sujeita a perigos aos quais não pode fugir voando, mas pode defender-se dos inimigos pontapeando-os, tão bem como o faz qualquer dos quadrúpedes menores. Podemos imaginar que o progenitor primitivo da avestruz tinha hábitos semelhantes aos de uma abetarda e que, à medida que a selecção natural, em gerações sucessivas, aumentou a dimensão e peso do seu corpo, as suas pernas passaram a ser mais usadas e as asas menos, até se tornarem incapazes de voar.

Kirby comentou (e eu observei o mesmo facto) que os tarsos, ou pés, anteriores de muitos machos de escaravelhos coprófagos se soltam com muita frequência; examinou 17 espécimes da sua própria colecção e nem um tinha o menor vestígio. Nos espécimes de Onites apelles os tarsos perdem-se tão frequentemente que o insecto chegou a ser descrito como se não os tivesse. Estão presentes em outros géneros, mas numa condição rudimentar. No Ateuchus, ou escaravelho sagrado dos egípcios, estão simplesmente ausentes. Os indícios são insuficientes para nos levar a crer que as mutilações são herdadas em quaisquer circunstâncias; preferiria explicar a ausência total dos tarsos anteriores no Ateuchus, e a sua condição rudimentar noutros géneros, pelos efeitos prolongados do desuso nos seus progenitores; pois como os tarsos quase sempre se perdem em muitos escaravelhos coprófagos, têm de se perder num período incipiente da vida e, portanto, não podem ser muito usados por estes insectos.

Nalguns casos, poderíamos atribuir facilmente ao desuso modificações de estrutura que são total ou principalmente devidas à selecção natural. O Sr. Wollaston descobriu o facto notável de que 200 escaravelhos, dentre as 550 espécies que

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pág. 147 (Capítulo 6)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 147

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491