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Capítulo 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO

Página 174
Numa linhagem que não foi cruzada, mas em que ambos os progenitores perderam algum carácter que o seu progenitor tinha, a tendência, forte ou fraca, para reproduzir o carácter perdido pode ser, como se referiu atrás, apesar de tudo o que nos sugere o contrário, transmitida durante quase qualquer número de gerações. Quando um carácter perdido numa linhagem reaparece após um grande número de gerações, a hipótese mais provável não é a de que a prole se assemelha subitamente a um ancestral remoto cerca de uma centena de gerações, mas a de que em cada geração sucessiva há uma tendência para reproduzir o carácter em questão, o qual por fim, em condições favoráveis que desconhecemos, se torna predominante. Por exemplo, é provável que em cada geração de pombos-berberes, que muitíssimo raramente produzem uma ave azul com riscas pretas, haja uma tendência em cada geração para a plumagem adquirir esta cor. É uma perspectiva hipotética, mas pode-se sustentá-la com alguns factos; e não vejo que em abstracto a hereditariedade, num número infinito de gerações, de uma tendência para produzir um carácter qualquer, seja mais improvável do que a hereditariedade de órgãos completamente inúteis ou rudimentares, como todos sabemos que sucede. Na verdade, podemos observar por vezes a transmissão de uma mera tendência para produzir um órgão rudimentar: por exemplo, na erva-bezerra comum (Antirrhinum) o aparecimento de um quinto estame rudimentar é tão frequente que esta planta deve ter herdado a tendência para o produzir.

Como todas as espécies do mesmo género, segundo a minha teoria, supostamente descendem de uma antecessora comum, seria de esperar que variassem por vezes de uma maneira análoga; pelo que alguns dos caracteres da variedade de uma espécie se assemelhariam aos de outra espécie; sendo estoutra espécie, na minha perspectiva, apenas uma variedade bem marcada e permanente.

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pág. 174 (Capítulo 6)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 174

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491