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Capítulo 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO

Página 231
Brent, que não conseguem voar meio metro sem fazer uma pirueta. Pode-se duvidar de que a alguém ocorreria treinar um cão para apontar se algum cão não tivesse exibido naturalmente uma tendência semelhante; e sabe-se que isto acontece ocasionalmente, como vi uma vez num terrier puro. Quando a primeira tendência se mostrou, a selecção metódica e os efeitos hereditários do treino compulsório em cada geração sucessiva completariam em breve o trabalho; e a selecção inconsciente actua ainda, enquanto cada homem procura adquirir, sem o intuito de aperfeiçoar a linhagem, cães que se mantenham firmes e cacem melhor. Por outro lado, em alguns casos o hábito foi suficiente; nenhum animal é mais difícil de amansar do que a cria do coelho bravo; dificilmente algum animal será mais manso do que a cria do coelho doméstico; mas não espero que os coelhos domésticos tenham alguma vez sido seleccionados pela mansidão; e presumo que tenhamos de atribuir simplesmente a totalidade da mudança herdada, do máximo estado selvagem à extrema mansidão, ao hábito e a um cativeiro rigoroso prolongado.

Os instintos naturais perdem-se sob domesticação: vê-se um exemplo notável disto naquelas linhagens de aves domésticas que muito raramente ou nunca se tornam «chocas», ou seja, nunca desejam sentar-se nos seus ovos. Apenas a familiaridade nos impede de ver a que ponto as mentes dos nossos animais domésticos foram universal e amplamente modificadas pela domesticação. Quase não é possível duvidar de que o amor ao homem se tornou instintivo no cão. Todos os lobos, raposas, chacais, e as espécies do género felino, quando mantidas em estado doméstico, são extraordinariamente propensas a atacar aves de capoeira, ovelhas e porcos; e constatou-se que esta tendência é incurável em cães que foram trazidos quando cachorros de regiões como a Tierra del Fuego e a Austrália, onde os selvagens não têm estes animais em estado doméstico.

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 231

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491