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Capítulo 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO

Página 232
Como é raro, por outro lado, que os nossos cães civilizados, mesmo quando bastante jovens, precisem que lhes ensinemos a não atacar aves de capoeira, ovelhas e porcos! É certo que ocasionalmente atacam, sendo então fisicamente castigados; e se não ficam curados, são abatidos; pelo que o hábito e um certo grau de selecção provavelmente conspiraram para civilizar hereditariamente os nossos cães. Por outro lado, os frangos perderam inteiramente pelo hábito o medo ao cão e ao gato, que sem dúvida era originalmente instintivo neles, da mesma maneira que é tão manifestamente instintivo nas crias do faisão, ainda que criados por uma galinha de capoeira. Não que os frangos tenham perdido todo o medo, apenas o medo a cães e gatos, pois se galinha emite o cacarejo de perigo, eles (mais especialmente os jovens perus) saem de debaixo dela, fogem e escondem-se na erva ou vegetação envolventes; e isto é evidentemente feito com o propósito instintivo de permitir, como vemos nas aves terrestres selvagens, que a mãe voe. Mas este instinto preservado pelas nossas galinhas tornou-se inútil sob domesticação, pois a mãe galinha quase perdeu, devido ao desuso, o poder de voar.

Podemos portanto concluir que os instintos domésticos foram adquiridos e os instintos naturais perdidos em parte pelo hábito e em parte porque o homem seleccionou e acumulou ao longo de gerações sucessivas hábitos mentais e acções peculiares que surgiram originalmente por aquilo a que na nossa ignorância temos de chamar «acidente». Em alguns casos, o hábito compulsório bastou para produzir tais mudanças mentais hereditárias; noutros casos, o hábito compulsório nada fez e tudo foi resultado da selecção, levada a cabo metódica e inconscientemente; mas, na maioria dos casos, provavelmente, o hábito e a selecção agiram conjuntamente.

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pág. 232 (Capítulo 8)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 232

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491