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Capítulo 8: CAPÍTULO VII
INSTINTO

Página 230
Os instintos domésticos, como lhes podemos chamar, são certamente muito menos fixos ou invariáveis do que os instintos naturais; mas sofreram a acção de uma selecção muitíssimo menos rigorosa e foram transmitidos durante um período incomparavelmente menor, sob condições de vida menos fixas.

Vê-se bem quão vigorosamente estes instintos, hábitos e temperamentos domésticos são herdados e quão curiosamente se misturam quando se cruzam diferentes linhagens de cães. Sabe-se assim que um cruzamento com um buldogue afectou durante muitas gerações a coragem e obstinação dos galgos; e um cruzamento com um galgo deu a toda uma família de cães pastores a tendência para caçar lebres. Estes instintos domésticos, quando testados desta maneira por meio do cruzamento, assemelham-se a instintos naturais, que de uma maneira análoga se misturam curiosamente e durante muito tempo exibem vestígios dos instintos de um ou outro progenitor: por exemplo, Le Roy descreve um cão cujo bisavô era um lobo, e este cão mostrava um vestígio da sua ascendência selvagem de uma maneira apenas, não se dirigindo ao dono em linha recta quando chamado.

Fala-se por vezes nos instintos domésticos como acções que se tornaram hereditárias unicamente pelo hábito prolongado e compulsório, mas creio que isto não é verdade. Ninguém se lembraria alguma vez de ensinar um pombo-cambalhota a dar cambalhotas e provavelmente nem sequer o conseguiria ensinar -, uma acção que, como presenciei, é realizada por aves jovens que nunca viram um pombo dar cambalhotas. Podemos acreditar que algum pombo mostrou uma ligeira tendência para este hábito estranho e que a selecção prolongada dos melhores indivíduos em gerações sucessivas tornou os pombos-cambalhota naquilo que são hoje; e perto de Glasgow há cambalhotas domésticos, como me informa o Sr.

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 230

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491