A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII INSTINTO Pág. 242 / 524
Olhemos para o grande princípio da gradação e vejamos se a natureza nos revela ou não o seu método de trabalho. Numa das extremidades de uma pequena série, temos os zângãos, que usam os seus velhos casulos para guardar mel, adicionando-lhes por vezes pequenos tubos de cera, fazendo também alvéolos de cera arredondados, distintos e muito irregulares. Na outra extremidade da série, temos os alvéolos da abelha-operária, dispostos numa camada dupla: cada alvéolo, como se sabe, é um prisma hexagonal, com as arestas basilares dos seus seis lados biseladas de maneira a ligar-se a uma pirâmide formada por três losangos. Estes losangos têm determinados ângulos e os três que formam a base piramidal de um único alvéolo num lado do favo entram na composição das bases de três alvéolos adjacentes no lado oposto. Na série entre a máxima perfeição dos alvéolos da abelha-operária e a simplicidade dos do zângão, temos os alvéolos da Melipona domestica mexicana, cuidadosamente descritos e ilustrados por Pierre Huber. A própria Melipona é intermédia em estrutura à abelha-operária e ao zângão, mas mais próxima do último: forma um favo de cera quase regular de alvéolos cilíndricos, onde as crias eclodem, e mais alguns alvéolos de cera grandes para armazenar mel. Estes alvéolos são quase esféricos, têm os lados quase iguais e estão agregados numa massa irregular. Mas o aspecto importante a salientar é que estes alvéolos são sempre feitos com um tal grau de proximidade entre si que se intersectariam ou teriam cedido mutuamente, se as esferas fossem concluídas; mas isto nunca é permitido, construindo as abelhas paredes de cera perfeitamente planas entre as esferas que tendem a intersectar-se desta maneira. Portanto, cada alvéolo consiste numa porção esférica exterior e em duas, três ou mais superfícies perfeitamente planas, consoante o alvéolo seja contíguo a dois, três ou mais alvéolos.