Capítulo 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO
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Também Gärtner torna a regra igualmente universal; e põe em causa toda a fertilidade dos dez casos de Kölreuter. Mas nestes e em muitos outros casos, Gärtner tem de contar cuidadosamente as sementes, de maneira a mostrar que há qualquer grau de esterilidade. Compara sempre o máximo número de sementes produzidas por duas espécies quando cruzadas e pela sua prole híbrida com o número médio produzido por ambas as espécies progenitoras puras em estado de natureza. Mas parece-me que aqui se introduz uma grave causa de erro: para ser hibridizada, uma planta tem de ser castrada e, o que é muitas vezes mais importante, tem de ser isolada de maneira a impedir que os insectos lhe tragam o pólen de outras plantas. Quase todas as plantas que Gärtner usou nas suas experiências foram colocadas num vaso e, ao que parece, mantidas num quarto da sua casa. Não se pode duvidar de que estes processos são frequentemente prejudiciais à fertilidade de uma planta; pois Gärtner apresenta na sua tabela cerca de uma vintena de casos de plantas que castrou, fertilizou artificialmente com o pólen das próprias plantas e (excluindo todos os casos, como o das leguminosas, cuja manipulação é reconhecidamente difícil), a fertilidade de metade destas 20 plantas foi de alguma maneira enfraquecida. Além disso, como Gärtner cruzou repetidamente, durante muitos anos, a prímula e a primavera-dos-jardins, que temos tão boas razões para considerar variedades, e que apenas uma ou outra vez conseguiram produzir sementes férteis; como encontrou os morriões vermelhos e azuis comuns (Anagalis arvensis e coerulea), que os melhores botânicos classificam como variedades, absolutamente estéreis entre si; e chegou à mesma conclusão em diversos outros casos análogos; parece-me que nos é perfeitamente possível duvidar se muitas outras espécies são ou não realmente tão estéreis, quando entrecruzadas, como crê Gärtner.
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