A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 293 / 524

Os indícios são também derivados de testemunhas hostis, que em todos os outros casos consideram a fertilidade e a esterilidade como critérios seguros da distinção específica. Gärtner manteve durante muitos anos um tipo de milho anão com sementes amarelas e uma variedade alta com sementes vermelhas, crescendo perto uma da outra no seu jardim; e, embora estas plantas tenham sexos separados, nunca se cruzaram naturalmente. Ele fertilizou então treze flores de uma com o pólen da outra; mas só uma cabeça produziu semente e esta produziu cinco grãos apenas. A manipulação neste caso não seria prejudicial, já que as plantas têm sexos distintos. Creio que ninguém suspeitou de que estas variedades de milho são espécies distintas; e é importante notar que as plantas híbridas assim criadas eram elas próprias perfeitamente estéreis; pelo que mesmo Gärtner não arriscou considerar as duas variedades como especificamente distintas.

Girou de Buzareingues cruzou três variedades de abóbora, que, como o milho, tem sexos distintos, e afirma que a facilidade da sua fertilização mútua é inversamente proporcional à grandeza das suas diferenças. A que ponto se pode confiar nestas experiências, não sei; mas as formas em que se experimentou são classificadas como variedades por Sagaret, que baseia principalmente a sua classificação no teste da infertilidade.

O caso seguinte é muito mais notável, e parece à partida completamente inacreditável; mas é o resultado de um número extraordinário de experiências feitas durante muitos anos sobre nove espécies de Verbascum, por tão bom observador e testemunha tão hostil como Gärtner: nomeadamente, que as variedades amarela e branca da mesma espécie de Verbascum, quando entrecruzadas, produzem menos semente do que o fazem uma ou outra das variedades coloridas quando fertilizadas com o pólen das suas próprias flores coloridas.





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