A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 446 / 524

Individualmente, qualquer destes caracteres tem frequentemente uma importância mais do que genérica, embora aqui mesmo quando tomados conjuntamente pareçam insuficientes para separar a Cnestis da Connarus», Para dar um exemplo entre os insectos, numa grande divisão dos Himenópteros, as antenas, como observou Westwood, são estruturalmente muitíssimo constantes; noutra divisão diferem muito, e as diferenças têm um valor classificativo completamente subordinado; contudo, provavelmente ninguém dirá que as antenas nestas duas divisões da mesma ordem são de importância fisiológica desigual. Poder-se-ia dar qualquer número de exemplos de importância classificativa variável do mesmo órgão importante no mesmo grupo de seres.

Mais uma vez, ninguém dirá que os órgãos rudimentares ou atrofiados são de elevada importância fisiológica ou vital; porém, sem dúvida, os órgãos nesta condição são muitas vezes de grande valor classificativo. Ninguém porá em causa que os dentes rudimentares nas maxilas superiores dos ruminantes jovens e certos ossos rudimentares da perna são muito úteis ao exibir a íntima afinidade entre os Ruminantes e os Paquidermes. Robert Brown insistiu energicamente no facto de que os flósculos rudimentares são da mais elevada importância na classificação das Gramíneas.

Poder-se-ia dar numerosos exemplos de caracteres derivados de partes cuja importância fisiológica tem de ser considerada muito trivial, mas que são universalmente reconhecidas como de grande utilidade na definição de grupos inteiros. Por exemplo, haver ou não uma passagem aberta das narinas para a boca, o único carácter, segundo Owen, que distingue em absoluto os peixes dos répteis; a inflexão do ângulo das maxilas nos Marsupiais; a maneira como as asas dos insectos se dobram; a mera cor em algumas algas; a mera pubescência em partes da flor de gramíneas; a natureza do revestimento dérmico, como o pêlo ou as penas, nos vertebrados.





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