A Origem das Espécies - Cap. 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES. Pág. 482 / 524

Há também que ter em mente que a suposta lei da semelhança das formas de vida antigas às etapas embrionárias das formas recentes pode ser verdadeira e, ainda assim, devido ao registo geológico não se prolongar suficientemente no passado, pode permanecer durante um longo período, ou para sempre, insusceptível de demonstração.

Assim, segundo me parece, os factos principais em embriologia, que não estão subordinados a quaisquer outros em história natural, são explicados segundo o princípio de as modificações ligeiras não aparecerem, nos muitos descendentes do mesmo progenitor antigo, num período muito temporão na vida de cada um, embora talvez causado no primeiro, sendo herdada num período correspondente intemporão. O interesse da embriologia aumenta muito, quando assim olhamos para o embrião como uma imagem, mais ou menos obscurecida, da forma antecessora comum de cada grande classe de animais.

Órgãos rudimentares, atrofiados ou abortados. - Os órgãos ou partes nesta estranha condição, que ostentam a marca da inutilidade, são extremamente comuns em toda a natureza. Por exemplo, as mamas rudimentares são muito gerais nos machos mamíferos: presumo que se possa seguramente considerar a «álula» nas aves como um dedo em estado rudimentar; em muitíssimas cobras um lobo dos pulmões é rudimentar; noutras cobras há rudimentos de pélvis e membros posteriores. Alguns dos casos de órgãos rudimentares são extremamente curiosos; por exemplo, a presença de dentes nos fetos de baleia, que em adultos não têm um dente nas suas cabeças; e a presença de dentes, que nunca irrompem pelas gengivas, nas maxilas superiores de vitelos não nascidos. Afirmou-se por fonte segura que se pode detectar rudimentos de dentes nos bicos de certas aves embrionárias.





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