Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA

Página 77
Quando viajamos de sul para norte, ou de uma região húmida para uma região seca, observamos invariavelmente que algumas espécies se tornam cada vez mais raras e por fim desaparecem; e, perante a evidente mudança de clima, somos tentados a atribuir todo o efeito à acção directa deste factor. Mas esta perspectiva é claramente falsa: esquecemos que cada espécie, mesmo nos locais onde é mais abundante, sofre constantemente uma destruição enorme em algum período da sua vida, causada por inimigos ou rivais que competem pelo mesmo espaço e pela mesma alimentação; e se estes inimigos ou rivais forem minimamente favorecidos por qualquer ligeira mudança climática, crescerão numericamente, e uma vez que cada área está já repleta de habitantes, as outras espécies decrescerão. Quando viajamos para sul e vemos uma espécie decrescer numericamente, podemos estar certos de que a causa reside tanto no favorecimento da outra espécie como na desvantagem desta. O mesmo sucede quando viajamos para norte, mas num grau um tanto menor, pois o número de espécies de todos os tipos e portanto de competidores diminui à medida que se avança para norte; por essa razão, ao avançar para norte, ou ao subir uma montanha, é muito mais frequente depararmo-nos com formas atrofiadas, devido à acção directamente prejudicial do clima, do que quando avançamos para sul ou quando descemos uma montanha. Quando chegamos às regiões do Árctico, ou aos cumes nevados, ou aos desertos absolutos, a luta pela vida é quase exclusivamente travada com os elementos.

Que a acção do clima é principalmente indirecta, ao favorecer outras espécies, podemos constatar pelo número prodigioso de plantas nos nossos jardins que conseguem suportar perfeitamente o nosso clima, mas que nunca se naturalizam, pois não conseguem competir com as nossas plantas indígenas, nem resistir à destruição infligida pelos nossos animais nativos.

<< Página Anterior

pág. 77 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 77

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491