Capítulo 58: Capítulo 58
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Dominam não porque querem, mas porque são; não possuem a liberdade de ser os segundos. — A segunda casta: a esta pertencem os guardiões da lei, os mantenedores da ordem e da segurança, os guerreiros mais nobres e, acima de tudo, o rei, como a mais elevada forma de guerreiro, juiz e defensor da lei. Os segundos constituem o elemento executivo dos intelectuais; são aqueles que lhes estão mais próximos, os aliviando de tudo que há de grosseiro no trabalho de liderar — são seu séquito, sua mão direita, os seus melhores discípulos. Nisso tudo, repito, nada é arbitrário, nada é “artificial”; apenas o contrário é artificial — ele destrói a natureza... A ordem das castas, a hierarquia simplesmente formula a lei suprema própria vida; a separação dos três tipos é necessária para conservar a sociedade, para possibilitar o surgimento dos tipos mais elevados, mais sublimes — a desigualdade de direitos é condição primordial para a existência de quaisquer direitos. — Um direito é um privilégio. Cada qual tem seus privilégios de acordo com seu modo de ser. Não subestimemos os privilégios dos medíocres. Quanto mais elevada, mais dura torna-se a vida — o frio aumenta, a responsabilidade aumenta. Uma civilização elevada é uma pirâmide: somente subsiste com uma base larga; seu pré-requisito é uma mediocridade sã e fortemente consolidada. O ofício, o comércio, a agricultura, a ciência, grande parte da arte, em suma, toda a gama de atividades ocupacionais, são apenas compatíveis com a mediocridade no poder e no querer; tais coisas estariam fora de seu lugar entre homens excecionais; o instinto necessário encontrar-se-ia em contradição tanto com a aristocracia como com o anarquismo.
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Páginas: 117
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