Canivet, de Neufchâtel, que era celebridade.
Doutor em Medicina, de cinquenta anos de idade, desfrutando boa posição e seguro de si mesmo, o colega não teve pejo de se rir d denhosamente quando descobriu aquela perna gangrenada até ao joelh Depois de declarar com toda a franqueza que era necessário amputáfoi à farmácia invectivar os asnos que tinham conseguido reduzir um feliz àquele estado. Sacudindo o Sr. Homais pelo botão da sobrecasa pôs-se a vociferar:
- Ora aí estão as invenções de Paris! As ideias desses senhores da cap tal! E como o estrabismo, o clorofórmio e a litotripsia, uma data de mo truosidades que o governo devia proibir! Querem fazer-se espertos e t de enfiar remédios sem querer saber das consequências. Nós cá não so tão competentes como eles; não somos sábios, janotas, delambidos; somos é práticos, médicos que curam, e não nos passaria pela cabeça operar quem goza de perfeita saúde! Endireitar pés botos! Mas alguma vez se podem direitar os pés botos? Era a mesma coisa que querer, por exemplo, endireitar um corcunda!
Homais sofria ao ouvir aquele discurso e dissimulava o seu malcom um sorriso bajulador, por precisar de tratar com deferência o Dr. Canivet, cujas receitas chegavam às vezes a Yonville; por isso não tomou a festa de Bovary, não fez, por seu lado, nenhuma observação e, abandonando os seus princípios, sacrificou a dignidade aos interesses mais sérios negócio.
Foi na vila um acontecimento importante aquela amputação da pelo Dr. Canivet. Todos os habitantes, nesse dia, se haviam levantado cedo e a rua principal, apesar de cheia de gente, tinha qualquer coisa lúgubre, como se se tratasse duma execução capital. Discutia-se na me cearia a doença do Hippolyte: as lojas não vendiam nada e a Sr.