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Capítulo 28: V

Página 305
Charles começou a dar grandes murros na porta. Vinha um polícia a passar; então encheu-se de medo e afastou-se.

«Sou palerma», pensava ele; «naturalmente convidaram-na para jantar em casa do Sr. Lorrneaux.»

A família Lormeaux já não residia em Ruão.

- Se calhar ficou a cuidar da Sr. Dubreuil. Eh!, a senhora Dubreuil já morreu há dez meses!... Onde estará ela então?

Surgiu-lhe uma ideia. Pediu, num café, L’Annuaire e procurou rapidamente o nome da Sr. Lempereur, que morava na Rue de la Rennelle-des-Maroquiniers, n.º 74.

Quando ia a entrar nessa rua, apareceu a própria Emma no outro extremo; atirou-se para ela mais do que a beijou, exclamando:

- Mas quem é que te reteve ontem?

- Estive doente.

- De quê?.. Onde?.. Como foi?..

Ela passou a mão pela testa e respondeu:

- Em casa da Sr. Lempereur.

- Tinha a certeza de que lá estavas. Ia lá agora.

- Oh!, não vale a pena - disse Emma. -Ela saiu mesmo há pouco; mas de futuro mantém a calma. Não me posso sentir livre, compreendes?, se souber que o menor atraso te perturba dessa maneira.

Era uma espécie de autorização que dava a si própria para se sentir à vontade nas suas escapadelas. Por isso tratou de se aproveitar dela o mais que pôde. Quando lhe dava na gana ir ver Léon, saía a qualquer pretexto e, como ele não a esperava nesse dia, ia procurá-lo ao cartório.

Nas primeiras vezes foi uma grande alegria; mas, pouco tempo depois, deixou de lhe esconder a verdade, a qual era que o patrão se queixava extremamente daqueles transtornos.

- Deixa lá isso! Vem daí - dizia ela. E ele escapava-se.

Emma quis que ele se vestisse todo de preto e deixasse crescer a barba na ponta do queixo, para se parecer com os retratos de Luís XIII. Teve desejo de lhe ver o aposento e achou-o medíocre; ele corou com isso, mas ela não notou e depois aconselhou-o a comprar umas cortinas iguais às suas, e, como ele objectou que eram dispendiosas, disse-lhe a rir:

- Ah!, Ah! Es tão agarrado aos teus escudinhos!

Exigia que Léon, todas as vezes, lhe relatasse toda a sua conduta, desde o último encontro.

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Capa do livro Madame Bovary
Páginas: 382
Página atual: 305

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
PRIMEIRA PARTE – I 1
II 12
III 22
IV 29
V 36
VI 40
VII 46
VIII 54
IX 66
SEGUNDA PARTE – I 79
II 90
III 97
IV 112
VI 126
VII 140
VIII 150
IX 175
X 186
XI 196
XII 209
XIII 224
XIV 234
XV 246
TERCEIRA PARTE – I 255
II 271
III 282
IV 285
V 289
VI 307
VII 325
VIII 339
IX 357
X 366
XI 373