Vamos ao Bridoux tomar um cálice de licor.
Léon jurou-lhe que tinha de voltar ao cartório. Então o boticário começou a gracejar sobre as papeladas e os processos.
- Que diabo! Deixe lá agora Cujas e Bártolo descansados por um momento! O que é que o preocupa? Anime-se, homem! Vamos ao Bridoux; vai ver o cachorro dele. É muito curioso!
E, como o escriturário ainda se obstinava, insistiu:
- Também lá vou. Leio um jornal enquanto espero, ou então folheio um Código.
Léon, atordoado com a ira de Emma, a tagarelice do Homais e talvez a má digestão do almoço, ficava indeciso, como que hipnotizado pelo farmacêutico, que repetia:
- Vamos ao Bridoux! Fica aqui a dois passos, na Rue Malpalu. Então, por cobardia, por estupidez, por esse inqualificável sentimento que nos leva às acções mais antipáticas, deixou-se levar a casa do Bridoux; e foram-no encontrar no seu patiozinho, vigiando três rapazes que se esfalfavam a fazer girar a grande roda duma máquina de fabricar água de Seltz. Hornais deu-lhes conselhos; abraçou Bridoux; tomaram o licor. Vinte vezes Léon se quis ir embora, mas o outro segurava-o pelo braço dizendo:
- Daqui a pouco! Eu já vou. Temos de ir ao Fanal de Rouen falar com aqueles senhores. Vou apresentá-lo a Thomassin.
Léon, no entanto, conseguiu desprender-se e correu num pulo ao hotel.
Emma já lá não estava.
Acabava de sair, exasperada. Agora detestava-o. Aquela falta de palavra ao encontro parecia-lhe uma afronta e procurava ainda outras razões para se desligar dele: Léon era incapaz de ter heroismo, era fraco, banal, mais mole que uma mulher; além disso, avarento e pusilânime.
Depois, acalmando-se, acabou por descobrir que talvez o estivesse a caluniar. Mas a de tracção daqueles a quem amamos sempre nos separa um pouco deles.