As comparações de noivo, de esposo, de amante celeste e de casamento eterno, que aparecem repetidamente nos sermões, despertavam-lhe no íntimo da alma imprevistas doçuras.
À noite, antes da oração, fazia-se na sala de estudo uma leitura religiosa.
Era, durante a semana, algum resumo de história sagrada ou as Conferências do abade Frayssinous e, ao domingo, trechos do Génio do Cristianismo, a título de recreação. Como ela escutou, as primeiras vezes, a lamentação sonora das melancolias românticas repercutindo-se em todos os ecos da Terra e da eternidade! Se a sua infância tivesse decorrido nos fundos de alguma loja de bairro comercial, ter-se-ia talvez então aberto às invasões líricas da natureza, que, de ordinário, apenas chegam ao nosso conhecimento na versão dada pelos escritores. Ela, porém, conhecia muito bem o campo; conhecia o balido dos rebanhos, as queijarias, as charruas. Habituada aos aspectos tranquilos da vida, voltava-se, pelo contrário, para os acidentados. Gostava do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura só quando a encontrava espalhada entre ruínas. Tinha necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava como inútil o que quer que não contribuísse para a satisfação imediata de um desejo do seu coração - tendo um temperamento mais sentimental do que artístico e interessando-se mais por emoções do que por paisagens.
Havia no convento uma solteirona que vinha todos os meses, durante oito dias, trabalhar na rouparia. Protegida pelos arcebispos, por pertencer a uma família de fidalgos arruinados por altura da Revolução, comia no refeitório à mesa das caridosas freiras e, depois da refeição, entretinha um pouco de conversa com elas, antes de retomar o seu trabalho.