as balas crepitavam à sua volta, qual granizo! Imagine-se a angústia de Pencroff, no ilhéu, e dos outros companheiros, na Casa de Granito, ao ouvirem o tiroteio! Finalmente, pela meia-noite, o bote arribou à praia, trazendo Pencroff ileso e Ayrton ligeiramente ferido. Os amigos aguardavam-nos nas Chaminés e todos se abraçaram, vivamente emocionados. Ali mesmo, Ayrton fez o relato de tudo quanto se tinha passado, sem omitir o plano frustrado de fazer explodir o brigue. No final, ninguém tentou disfarçar o respeito e a admiração que o ex-condenado confirmara merecer. Este não se cansava de salientar a gravidade da situação: os piratas, em grande número e bem armados, sabiam agora que a ilha era habitada e de semelhantes facínoras não se poderia esperar a menor clemência.
- Pois bem, nós saberemos morrer! - exclamou o repórter.
- Para já, vamos ficar vigilantes - disse o engenheiro.
A noite passou-se sem incidentes e, quando a aurora começou a raiar, os colonos avistaram logo por entre as brumas da manhã a massa escura do Speedy.
- Meus amigos, antes que a neblina desapareça de todo, quero dar-lhes conta das disposições que me parecem mais convenientes - disse, então, o engenheiro. - Primeiro que tudo, temos de fazer crer aos bandidos que somos muitos mais do que seis e, por conseguinte, capazes de os enfrentar. Para tanto, proponho que nos dividamos em três grupos: um fica aqui mesmo nas Chaminés; outro, na foz do Mercy e, a propósito, escusado será dizer que a ponte vai ser imediatamente levantada! O terceiro grupo vai para o ilhéu, para impedir ou, pelo menos, retardar qualquer tentativa de desembarque. Quanto a armas de fogo, temos que chegue para todos: quatro espingardas e duas carabinas. E munições também