.. De resto, ainda não vimos nenhum sinal de fumo a sair da cratera e a indicar uma erupção próxima! Porém, é de admitir que, ao longo dos tempos, se tenham acumulado rochas de lava e de cinzas arrefecidas que podem obstruir a tal válvula de que há pouco falei... Mas acredite, meu caro Spilett, ao primeiro abalo sério essa tampa rebentaria e nem a ilha, que é a caldeira, nem o vulcão, que é a chaminé, hão-de explodir com a pressão dos gases... Bom, de qualquer modo, o melhor é que não ocorra nenhuma erupção!
Os dias seguintes, até 25 de Fevereiro, foram consagrados à exploração da região setentrional da ilha. Os colonos inspeccionaram todas as rochas e fendas que encontraram pelo caminho e voltaram a subir aos cumes sobrepostos do monte Franklin. Embora no fundo da cratera os mesmos rugidos surdos fossem perfeitamente audíveis, não havia o menor escoamento de fumos ou vapores, nem tão-pouco aquecimento anormal das paredes de rocha. A verdade é que, nem ali, nem em parte alguma, encontraram qualquer rasto daquele que tão ansiosamente procuravam! Todos comungavam da mesma frustração ao perceber que se impunha o regresso. Era evidente que a misteriosa criatura não se acoitava na ilha! Smith, Spilett e o jovem Harbert, homens cultos e de espírito científico treinado, viam-se obrigados a apelar a todas as reservas de lucidez; Ayrton, Pencroff e Nab, menos rigorosos, tendiam para interpretações fantasiosas e sobrenaturais. Foi assim, neste estado de espírito, que os nossos amigos voltaram para a Casa de Granito, e precisamente um mês depois, a 25 de Março, celebravam o terceiro aniversário da sua chegada à ilha Lincoln!
Três anos tinham passado, três anos de penosos trabalhos, de sofrimentos e perigos partilhados e enfrentados.