Os colonos tinham razões para sentir orgulho por tudo o que haviam superado e conseguido e que, no fim, os fortalecera de corpo e de espírito. Todavia, a recordação da pátria era constante e, por vezes, não conseguiam impedir momentos de nostalgia e abatimento. Agora, perdido o Boaventura, precisavam de dar início à construção do barco que os havia de levar à ilha Tabor; seriam, pelo menos, outros seis meses de trabalho, donde a travessia só seria empreendida na Primavera seguinte, isto é, em Setembro ou Outubro. Dispunham, desta vez, de bom material e equipamento de navegação perfeitamente aproveitável, recuperados do navio dos piratas, para além da belíssima madeira da floresta ocidental.
Por outro lado, infelizmente também tinham de admitir que o iate escocês já tivesse arribado à ilhota e, sem encontrar Ayrton, tivesse partido para não mais voltar... Na mente de Cyrus Smith germinava um plano ousado: e porque não construir, em vez de um veleiro pequeno destinado a viagens curtas, um barco maior, entre duzentas e trezentas toneladas? Porque não ir mais além? Talvez até alguma ilha da Polinésia ou mesmo à Nova Zelândia? Esta ideia encheu de entusiasmo os companheiros! - Trate o senhor do projecto, que gente para trabalhar não falta! - afirmou o sempre disponível Pencroff, exibindo os braços musculosos. Estavam todos conscientes de que seria uma tarefa gigantesca, mas a confiança que tinham neles próprios e nos outros era ilimitada. Deitaram, pois, mãos à obra. O engenheiro traçava os planos da embarcação; os restantes procediam ao abate das árvores, que eram transportadas na carroça até junto das Chaminés, onde novamente foi montado o estaleiro. Enfim, o trabalho da colónia foi tão rigorosamente organizado e tão grande