Era uma zona praticamente desconhecida e foi com grande satisfação que os nossos caçadores descobriram um prado fértil e verdejante, que, para além de inúmeras tocas de coelhos, oferecia uma grande variedade de ervas aromáticas e medicinais. O jovem Harbert, sempre interessado pelas coisas da Natureza e conhecedor das propriedades terapêuticas de algumas dessas plantas, tratou imediatamente de colher uma quantidade apreciável de manjericão, tomilho, erva-cidreira, serpão e rosmaninho. Ao fim da tarde, já em casa, Pencroff quis saber para que serviam todas aquelas ervas.
- Para nos tratarmos, quando estivermos doentes - respondeu o rapaz.
- Ora essa! E porque havíamos de adoecer, se não há médicos na ilha?
Já se vê que este comentário do marinheiro ficou sem resposta. Entretanto, as condições atmosféricas agravavam-se, com aguaceiros e fortes vendavais quase todos os dias. Apesar do tempo incerto, os colonos ainda empreenderam uma expedição ao ilhéu da Salvação, com a finalidade de obter a matéria--prima necessária ao fabrico de velas. Fora Pencroff quem levantara o problema da iluminação nocturna da Casa de Granito e Cyrus Smith, como de costume, tivera resposta pronta:
- Nada mais fácil de resolver!
- Como assim?
- Vamos caçar focas e com a gordura fabricaremos as nossas velas! Bastará para tanto misturá-la com cal e ácido sulfúrico.
De modo que, para haver luz que alumiasse a casa durante as longas noites da estação fria, foram sacrificadas seis focas.
Além das gorduras, os colonos aproveitaram também as peles, que serviriam para fazer sapatos. No tocante ao vestuário, porém, é que ninguém tinha ideia, nem mesmo o engenheiro, de como substituir as roupas que traziam no corpo e que, à força de serem lavadas, acabariam inevitavelmente por se estragar.