- Pode ser que esteja acolá a explicação para o meu grão de chumbo!- disse Pencroff.
- Pode ser um náufrago! - sugeriu Harbert.
- E talvez esteja ferido! - acrescentou Nab.
- Ou morto! - rematou o repórter.
E lançaram-se todos atrás do cão. Ao cabo de cinco minutos de corrida precipitada através do pinhal, Top estacou diante de um pinheiro gigantesco. À primeira vista, não havia ali nada de suspeito, e, todavia, o cão não parava de ladrar.
- Então, Top, o que é isso? - perguntou Cyrus Smith.
De repente, a resposta veio de Pencroff:
- Ah! e esta agora? Quem havia de dizer que os destroços que tanto procurámos em terra e no mar, afinal estavam no ar!
E o marinheiro apontava para o topo da árvore, donde pendia uma espécie de enorme farrapo esbranquiçado!
- Ora ali está, meus amigos, o que resta do nosso balão! E que porção de pano, e do melhor, para fazermos camisas, lenços e o resto...! Então, senhor Spilett, o que é que tem a dizer de uma ilha onde as camisas nascem nas árvores como fruta?
Era, na verdade, uma circunstância afortunada para os colonos, aquela de o balão ter caído na ilha e de ter sido encontrado e, como é bom de ver, a alegria de Pencroff foi efusivamente partilhada. Contudo, urgia tirar o invólucro do balão lá de cima, tarefa tão arriscada, quanto trabalhosa.
Nab, Harbert e o marinheiro treparam ao pinheiro e só ao cabo de quase duas horas é que conseguiram desprender não só o tecido, como também as molas, as guarnições de cobre, as redes e a âncora do aeróstato, que julgavam perdido no mar. Em suma, caíra-lhes do céu uma autêntica fortuna!
- Este tecido que aqui temos, senhor Cyrus, chega e sobeja para as velas de um bom barco de vinte toneladas e ainda sobra para nos vestirmos! - exclamou o marinheiro.