O sistema era simples: sob a cascata, foi instalado um cilindro de palhetas, por sua vez preso a uma grande roda exterior destinada a enrolar um cabo forte; finalmente, do cabo pendia uma cesta a servir de elevador propriamente dito.
A inauguração do elevador teve lugar a 19 de Março, para satisfação geral. Dali em diante, toda a espécie de fardos, lenha, carvão e mantimentos, e os próprios colonos, foram içados daquela maneira até casa. O cão Top foi quem mais satisfeito se mostrou com este melhoramento.
Assim, tudo corria de feição quer na Casa de Granito, quer nas plantações do planalto, bem como na capoeira e no curral, onde a fêmea do onagro, as cabras e as ovelhas davam quotidianamente o leite necessário para a colónia... Na verdade, agora que se completava um ano de permanência na ilha - e apesar de longe da pátria - os colonos não tinham razões para se queixar! Num desses últimos dias de Março, ao entardecer, estavam os colonos reunidos na varanda do planalto a olhar o mar e a beber uma infusão de bagas de sabugueiro, com que substituíam o café, quando, de repente, Spilett perguntou ao engenheiro:
- Meu caro Cyrus, você já se lembrou de rectificar a localização desta ilha, agora que temos um sextante?
- E para quê? A ilha está muito bem onde está! - disse logo Pencroff.
- Sem dúvida! Mas quem sabe se não estamos mais perto de terra habitada do que nós julgamos? - insistiu o repórter.
- Tratarei disso amanhã - respondeu o engenheiro. - Confesso que, com tantas ocupações, me tinha esquecido do sextante.
No dia seguinte, feitas as observações e medições necessárias, Smith concluiu que a ilha Lincoln se encontrava exactamente a 150 graus 30 minutos de longitude oeste e a 34 graus 57 minutos de latitude sul.