-Além disso, reparem que parece completamente desabitada - acrescentou o repórter.
Um tanto perplexos, os nossos amigos resolveram prosseguir as buscas ao longo de toda a orla marítima, mas ao cabo de quatro horas de marcha - quanto bastou para dar a volta completa à ilhota - continuavam sem encontrar o mais leve sinal do náufrago, nem sequer uma simples pegada na areia! Sem conseguirem atinar numa explicação para tão intrigante facto, voltaram ao Boaventura para descansar e comer qualquer coisa. A ideia agora era esquadrinhar o bosque de ponta a ponta e com isso ficaria concluída toda a exploração da ilha Tabor.
Mal tinham andado umas dezenas de metros por entre o arvoredo, viram cabras e porcos a fugir assustados. Porcos ali? As surpresas não tinham acabado; um pouco mais à frente, deparou-se-lhes uma clareira transformada em horta! Com aspecto bastante abandonado, sem dúvida, mas uma autêntica horta. Harbert ficou encantado por identificar, no meio das ervas que entretanto tinham invadido o terreno, batatas, cenouras, nabos, couves e chicória. Claro está que não iriam embora sem levar sementes de tudo, decidiu o rapaz imediatamente.
Ora a existência na ilha Tabor de animais e plantas de origem europeia, era prova evidente de que o local era, ou pelo menos tinha sido, habitado... Mas onde estaria agora a pessoa que tinha plantado aquela horta?
- É quase noite! - lembrou Pencroff. - Acho melhor voltarmos para bordo!
Nesse momento, Harbert exclamou:
- Olhem para ali! Parece uma casinha...
Era de facto uma cabana meio escondida pelo arvoredo, construída com tábuas de madeira e coberta com uma lona encerada. Pencroff empurrou a porta entreaberta e entraram todos. A cabana estava vazia! Chamaram e tornaram a chamar em voz alta, mas ninguém apareceu.