- Não te dê cuidado, Rosa: far-se-á tudo de modo que esse casamento a todos pareça uma coisa bem natural; eu me encarregarei disso. Enquanto à recusa de Fernando, não deve ter assim esquecido os seus deveres de homem honrado, nem tão-pouco há de ter perdido todo o amor que te consagrou.
- E a Deolindinha?
- Eu, minha amiga, depois de vos ver unidos e felizes, recolher-me-ei com a minha mãe a um convento, e aí terminaremos ambas a existência.
- Mas isso é horrível; é um sacrifício desesperado... Promover o casamento de um homem a quem ama tão ternamente e, ainda mais, ser testemunha da sua união!...
- Deus há de dar-me força para tudo. É assim que deve proceder toda a mulher de bem.
- Não, nunca consentirei em tal - exclamou Rosa, depois de alguns momentos de reflexão -; opor-me-ei com todas as forças que me restam a um semelhante desígnio... Se eu tivesse muita vida, talvez aceitasse ainda esse sacrifício, Deolindinha; mas, da maneira como me sinto, não quero nem devo.
- Hás de ainda viver muito, Rosa; Fernando bem depressa saberá curar-te esse mal, que é só do coração... descansa.
- Já o disse, Deolindinha; nunca em tal consentirei; a minha resolução é inabalável.
- Pois bem: nós combinaremos isso da melhor forma. Agora permite o eu retirar-me, porque tenho ainda que fazer algumas visitas antes do almoço. Adeus, Rosa. De tarde voltarei a ver-te e talvez te traga uma notícia bem agradável.
- Adeus, Deolindinha! Não se esqueça do que lhe disse a respeito de Fernando; creia que nada me fará mudar de resolução.
Deolinda proferiu ainda algumas palavras de despedida e retirou-se, tomando logo diretamente o caminho da sua casa, ao contrário do que tinha dito.
A filha da baronesa caminhava triste e pensativa, e aos olhos assomavam-lhe de vez em quando algumas lágrimas.