- Tenho que pedir perdão a todos.
O reitor empurrou-o amigavelmente pelos ombros, dizendo-lhe:
- Vai, vai. Deixa isso para outra vez. Não temos agora vagar para justificações.
- Mas, Sr. Reitor...
- Então! Vai para a tua vida, Pedro. E não me andes mais de espingardas, que são más companhias.
Dando depois com os olhos nos poucos espectadores desta cena, que se conservavam boquiabertos à porta, exclamou todo irritado:
- E vocês que fazem aí, pasmados? Quem vos chamou cá? Não sois tão prontos para o trabalho. Andar! e ter cautela com a língua.
Ouviram?
Pedro saiu cabisbaixo. Os grupos dispersaram-se.
Logo que os viu retirar, o padre levantou Margarida, que se conservava de joelhos quase exânime, e disse-lhe comovido:
- Foi um sacrifício heróico, Margarida, para o qual poucas teriam fortaleza.
- Um sacrifício?!...
- Sim, não é a mim que iludiste, filha, que te conheço bem e há muito. Vai ter com a verdadeira culpada...
- Não a condene, Sr. Reitor; o seu anjo bom não a abandonou, ainda desta vez.
- Bem sei - respondeu o reitor. - Pois não te vejo eu aqui?
Mas vai e acaba a tua obra abençoada, confortando-a e chamando-a ao caminho do arrependimento. Eu também tenho a minha tarefa.
E dou graças a Deus por ter permitido que os meus deveres paroquiais me conservassem por fora até estas horas. Até amanhã, minha filha.
E o reitor saiu, mas em vez de tomar o caminho de casa, voltou em direcção oposta.