A Rosa do Adro - Cap. 7: CAPÍTULO 7 Pág. 52 / 202

Deixar a minha querida Rosa, isso é que de forma alguma; mas também devo perguntar a mim próprio: Amá-la-ei eu como ela merece? Nem eu sei, mas parece-me que sim. Não há dúvida: isto que sinto no coração, o interesse que me inspira, as horas que passo a pensar nela, não pode ser senão um amor ardente e infinito, mas não tão louco como o desse infeliz rapaz E, em verdade, quem haverá aí que, ao vê-la tão sedutora, não se sinta morrer de amores por ela? às vezes custa-me a compreender como a natureza possa reunir numa mulher tantas belezas. E onde eu a vim encontrar!... Aqui, no meio destes vales, cercada de fisionomias estúpidas e grosseiras... Ah, mas é também nestes lugares onde esses seres se criam e desenvolvem, puros dessas paixões mesquinhas que depravam a vida logo aos primeiros anos... É realmente uma bela rapariga, bem digna de ser amada. Eu próprio não me arrependeria nunca de lhe ter consagrado uma viva afeição... Mas Deolinda, a filha da baronesa?!. Ah! é verdade... Pobre Deolinda! Já me tinha esquecido dela.

Novo latir dos cães veio quebrar o fio destas cogitações. Levantou-se de novo, e, olhando ao longo do pinhal, distinguiu Rosa, que precipitadamente se dirigia para aquele mesmo lugar, parecendo recear ser vista por alguém.

Deixemos Rosa aproximar-se de Fernando e vejamos o caminho que António tomara, depois que aquele o vira desaparecer.

António, ao embrenhar-se na bouça, ouvira latir os cães, e, pelo simples relancear de olhos que lhes lançara, conheceu serem de Fernando, e daí coligiu que ele estava no pequeno bosque. Por isso passou avante sem fazer o mais pequeno reparo que pudesse trair as suas tenções, e, logo que se viu fora do alcance da vista do seu rival, deixou o caminho que parecia levar, retrocedeu à direita, e avançou naquela direção, não lhe servindo de empecilho o mato e as urzes, que decerto tinham de molestá-lo.





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