Marta ouvira aterrada a noticia que o pai lhe deu da vontade do tio. Irritou-se. Tinha sido criada com muito mimo, sem mãe, voluntariosa, e com uns ares senhoris que desautorizavam o respeito que o pai, rústico lavrador, não sabia incutir. Em vez de chorar como as filhas desgraçadas e humildes, respondeu desabridamente que não casava com o tio; que o desenganasse, se quisesse; e, se não quisesse, ela o desenganaria. A terrível nota golpeara-lhe o coração cheio de saudades de José dias, que lhe escrevera de braga, por intervenção do padre Osório, dando-lhe coragem e esperança no casamento logo que cessasse a guerra. Foi esse alento que a revoltou contra o pai quando ele instava com ela a casar com o tio, que era talvez, dizia, o homem mais rico de Portugal, abaixo do rei. Marta replicava com trejeitos de tédio desdenhoso; e, exaltada pela boçal insistência do pai, protestava, se a apoquentassem, atirar-se ao rio como acsua mãe.
O Simeão perdeu a vontade de comer; andava atordoado numa tristeza estúpida a dar uns ais pela casa que pareciam mugidos de bezerro perdido na serra.