As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 3: III Pág. 15 / 332


São dois diamantes
Olhando-me assim.
Morena, morena,
Tem pena de mim.


Morena, morena,
Dos olhos morenos,
O olhar desses olhos
Concede-me ao menos.


Concede-me ao menos,
Não sejas assim.
Morena, morena,
Tem pena de mim.

- Temos o homem - disse o reitor, depois de ouvir a cantiga, e enfiou resoluto pela rua adiante. Mas, tendo dado alguns passos mais, parou como se mudasse de tenção.

- Nada, não convém que me veja. É preciso espiá-lo sem que ele dê por isso.

Feita esta reflexão, passou um rápido exame ao terreno e retrocedeu.

Dobrou novamente a esquina da viela em que se introduzira; costeou o campo do lado direito, até se lhe deparar uma cancela rústica, que não lhe opôs a mínima resistência, e, oculto pelo centeio, caminhou, o mais prudentemente que pôde, até ao lugar correspondente àquele donde partia a voz e daí por diante até descobrir a caça que procurava. Não levou muito tempo a realizar o seu intento.

Eis a cena que viu o reitor, acocorado entre o centeio, com a bengala fixa no chão, mãos apoiadas na bengala, e queixo apoiado nas mãos.





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