As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 12: XII Pág. 80 / 332

E pondo outra vez o chapéu na cabeça, saiu da sala.

Após ele, foram saindo também os joviais consócios da taberna, que não se sentiam com alma de continuar ali.

Para alguns tinha de ser aquela a última tentação.

O que menos contrito se mostrou foi o dono do estabelecimento, que deu ao diabo a intervenção do pároco na pacífica diversão de meia dúzia de fregueses honestos e tementes a Deus. No entretanto o reitor ia prosseguindo a visita e distribuindo pelos necessitados o dinheiro dos ociosos. Sorria de satisfação o velho, ao fazê-lo.

- As grandes ventanias - monologava ele - são também um mal para o lavrador, porque lhe derrubam as searas, mas... como se não pode evitar... que se faz? - levantam-se nos montes as asas de uns moinhos e elas aí estão aproveitadas. Aproveitemos pois também da loucura má destes perdulários, já que ainda não pude acabar com ela de todo. Se a água é muita nas presas, não se deixa extravasar à toa, abre-se um regueiro, que a leve onde ela seja precisa.

Ó Santo Deus! e então que há por aí terras tão sequinhas de água! Doer-me-ia a consciência se tivesse enchido assim a bolsa com as esmolas dos laboriosos e poupados; mas com as destes... ora!... folgo e orgulho-me.





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