A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 182 / 186

Agora mesmo, tocando no cofre, evocava o poderoso benfeitor, para ele mais do que um simples ser humano, cuja memória guardava com autêntica religiosidade.

E foi, de facto, nessa noite fatídica de 8 para 9 de Março, que se cumpriu a ameaça que sobre eles pesava! Da cratera começou a jorrar uma gigantesca coluna de vapor que se elevava a uma altura superior a novecentos metros, ao mesmo tempo que soavam estampidos medonhos! Era óbvio que no interior da gruta do capitão Nemo a parede divisória acabava de ceder à pressão dos gases acumulados, permitindo a entrada do mar na chaminé central. A cratera, porém, era insuficiente para escoar os vapores formados pelo contacto do mar com a lava e o monte Franklin rebentou em mil pedaços que se espalharam pelo Pacífico! O barulho da explosão poder-se-ia ouvir num raio de duzentos quilómetros.

Minutos depois, a ilha Lincoln submergia, como que engolida pelo oceano! Apenas uma ponta rochosa ficou à superfície! Era a parte da abóbada do maciço da Casa de Granito, agora um rochedo insignificante à superfície das águas, com pouco mais de oito metros de comprimento e quatro de largura...

Aí se encontravam refugiados os seis colonos da ilha Lincoln e o cão Top, miraculosamente salvos do cataclismo! Tudo se tinha passado tão rapidamente que nem eles próprios, atordoados e ensurdecidos, sabiam como tinham ido ali parar...

Aquando da explosão da montanha, os colonos sentiram-se projectados e arrojados ao chão. Zumbiam estilhaços de rocha por todo o lado e a ilha inteira era sacudida por violentíssimo abalo. O engenheiro Cyrus, segurando a coleira de Top e um braço de Harbert, ainda tivera tempo de gritar: "Mantenham-se juntos, pelo amor de Deus! Mantenham-se juntos!"... A seguir, foram levados na crista de uma vaga gigantesca e arremessados naquele pequeno rochedo, o pedaço restante da ilha arrasada! Mão de Deus ou acaso do destino? Quem poderia dizer? Mas.





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