A Rosa do Adro - Cap. 12: CAPÍTULO 12 Pág. 100 / 202

baronesa, e mesmo quem sabe se, depois de concluir os meus estudos, eu deixarei de ver V. Exa.

E Fernando, ao proferir estas palavras trocou com Deolinda um olhar furtivo, transparecendo nos rostos de ambos um sorriso significativo que não foi percebido pela baronesa.

- Então - continuou esta - tenciona ficar a exercer medicina no Porto?

- Talvez... veremos.

- Ora deixe-o falar, mamã... Verá como ele, logo que se forme, volta para casa dos seus pais, desposa por lá alguma morgada rica e nunca mais se lembra de nós.

- É muito injusta, Sra. D. Deolinda; os laços de amizade que me prendem a Vossas finezas que lhes devo, jamais me farão ingrato. Quanto ao casamento com a tal morgada rica que V. Exa. imaginou, creio que foi um gracejo...

- E há nisso alguma coisa de extraordinário ou impossível? - perguntou a jovem com riso malicioso.

- Talvez, minha senhora... Pode saber-se pelo quê?

- Porque tenciono casar-me no Porto.

Ah, sim?! - exclamou a baronesa, sorrindo-se. - Pode dizer-nos então quem é a feliz noiva?

- Permita-me V. Exa. por enquanto o segredo.

- Ao menos diga-nos se é rica, formosa, prendada...

- Nada mais posso responder-lhe, Sra.' baronesa, senão que a amo.

- E ela corresponde-lhe?

- Creio que sim.

- Então não possui a certeza?

- Tenho-a muitas vezes ouvido jurar-me uma afeição eterna, mas, como o coração das mulheres é...

- Cale-se, não diga tolices - atalhou repentinamente D. Deolinda. - Uma mulher, quando jura o seu amor a um homem, creio que não pode mentir-lhe.

- Às vezes... - retorquiu Fernando.

- Tem então muita razão de queixa das que há amado?

- Nenhuma, porque também até hoje só uma soube prender-me o coração...

- E essa?

- Essa creio que me é constante.





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