Afinal um Outro sentimento bem diverso veio desfazer-lhe os briosos impulsos do coração, e exclamou com voz ainda mal segura:
- Efetivamente, Deolinda, entretive, à falta de passatempo, algumas relações com essa rapariga... Foi uma leviandade de rapaz, que nada deve prejudicar as nossas tenções, dando-se ainda a circunstância de ela desejar o nosso casamento e a nossa felicidade.
- Leviandade, dizes tu?... Chamas leviandade a uma ação degradante e que desenobrece e avilta o homem que a comete? Chamas leviandade de rapaz ao rapto da honra e da vida de uma mulher?!... Bem sei que essa resposta não é do coração, porque são muito outros os sentimentos que animam a tua alma. Pois bem: sê franco, não te contrafaças, desprende-te de todos os compromissos que te ligam a mim, e desposa essa pobre rapariga, porque, como te disse, a nossa união é completamente impossível.
- Principio a acreditar, pelas tuas palavras, que nunca me amaste; de contrário não te exprimirias desse modo e não renunciarias tão abertamente ao nosso enlace.
- Nunca te amei, Fernando?!... Deus o sabe; mas é que acima do amor e de tudo está a tua honra e a minha dignidade de mulher. Pois acharias airoso que eu te desposasse em face de uma infeliz a quem não só amaste, mas até roubaste o sossego e a felicidade? Que conceito fariam de mim? Além disso, persuades-te que a nossa união a efetuar-se, não nos traria uma série de desgostos e desventuras, influenciada, como seria, por