Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: CAPÍTULO II - UM AMIGO!

Página 10
.. Então eu que tenho?!

- Estás tão enfiado!

- Agora estou eu enfiado!... A fidalga donde vem? - perguntou ele inquieto.

- Do meu quarto.

- Do seu quarto? Não foi com a mãezinha e com a Sra. D. Eugénia ver o linho?!

- Não.

- Não?... Pois onde estava?... - volveu ele já aflito.

- No meu quarto, já te disse... Tu passaste no corredor muito devagar.

O criado não pensou na defesa, por isso mesmo que não refletira no crime. Desatou a chorar, contando à menina a desgraça da mãe, da cunhada e dos filhinhos, pedindo-lhe com as mãos postas que o não acusasse.

- Está descansado, Norberto. - disse ela.

Vinham chegando ao portão o pai, a mãe e a irmã.

Ricardina saiu-lhes ao encontro muito folgazã, assertoando na casaca do pai um ramo florido de laranjeira.

- Estou bonito! - disse o abade, e seguiu para o seu quarto.

A menina foi após ele e mais a mãe.

- Estou muito contente, meu pai! - disse Ricardina.

- Estimo; então porque estás contente? Saiu-te bom o traslado?

- Não é isso: fiz uma boa ação, uma esmola.

- Isso bom é.

- Olhe, meu pai. Era uma velhinha, e uma viúva cega e cinco filhos. Vinham pedir esmola para pagarem uma dívida e ficarem na cabana que a justiça lhes tirou.

- Se foi a justiça que lha tirou, é que não a podiam possuir sem injustiça - observou o abade, despindo a casaca, e revestindo-se de chambre. - Que velha, que cabana, e que justiça era essa?

- Era a mãe do Norberto. Ela precisava de três peças, porque o filho só tinha três moedas e mais não sei quê. Então eu fui à sua gaveta, e dei as três peças de esmola à velha.

O abade olhou para Clementina, murmurando:

- E esta!...

- Estou pasmada! - disse a senhora. - Então tu vens à gaveta do teu pai e dás três peças!

- Se o pai cá estivesse, também lhas dava.

<< Página Anterior

pág. 10 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 10

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177