Apocalipse - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 59 / 180

Claro está que a desonestidade do crítico cristão - não podemos chamar-lhe nada melhor - baseia-se no medo. Se alguma vez forem levados a admitir que existe na Bíblia algo pagão, com origem e significado pagãos, estaremos perdidos, não conseguiremos parar. Usando uma linguagem irreverente, Deus foge da garrafa de uma vez para sempre. A Bíblia possui uma esplêndida abundância de paganismos, e reside aí o seu maior interesse. Admiti-lo, porém, é fazer o cristianismo sair da casca.

Olhemos uma vez mais para o Apocalipse e tentemos compreender-lhe a estrutura - tanto a vertical como a horizontal. Quanto mais o lermos mais sentiremos que tanto é um corte transversal no tempo, como um mistério messiânico. Não será, temos disso a certeza, obra de um só homem nem mesmo de um século.

A sua parte mais antiga era, sem dúvida, uma obra pagã, provavelmente a descrição do ritual «secreto» de iniciação num dos mistérios pagãos de Artérnis, Cibele ou mesmo órficos; porém, o mais provável é pertencer ao Oriente mediterrânico, possivelmente Éfeso, como parece natural que aconteça. Se um tal livro já existisse, digamos, dois ou talvez três séculos antes de Cristo, seria conhecido por todos os estudiosos de religião; e em boa verdade talvez nos seja possível dizer que todo o homem inteligente dessa época, em especial no Oriente, era um estudioso de religião.





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