Eram as obras que
tratavam da catedral.
- Imbecil! - resmungou Léon, correndo para fora da igreja. Um garoto traquinava no adro.
- Vai-me buscar um fiacre!
O miúdo partiu como uma bala pela Rue des Quatre- Vents; ficaram então sós durante alguns minutos, face a face, um pouco embaraçados
- Oh, Léon. Verdadeiramente..., não sei... se deva... ! - Fazia trejeitos. Depois, com um ar grave, continuou: - É que não é decente, sabe?
- Porquê? - replicou o escriturário. - É coisa corrente em Paris!
E esta palavra, como argumento irresistível decidiu-a.
Entretanto, o fiacre não chegava. Léon tinha receio de que ela voltasse a entrar na igreja. Finalmente apareceu a carruagem.
- Pelo menos saiam pela porta do norte! - gritou-lhes o suíço, que ficara no limiar -, para verem a Ressurreição, o Juízo Final o Paraíso, o Rei David e os Condenados nas chamas do Inferno!
- Para onde vai o senhor? - perguntou o cocheiro.
- Para onde você quiser! - respondeu Léon, empurrando Emma para dentro do carro.
A pesada máquina pôs-se em andamento.
Desceu a Rue Grand-Pont, atravessou a Place des Arts, o cais Napoléon, a Pont Neuf, e estacou diante da estátua de Pierre Corneille.
- Siga! - disse uma voz vinda do interior.
O carro arrancou novamente e, depois da encruzilhada La Fayette, deixou-se embalar pela descida e entrou a galope pela estação do caminho-de-ferro.
- Não, siga em frente! - gritou a mesma voz.
O fiacre saiu do gradeamento e, pouco depois, entrando na Marginal, foi trotando suavemente, no meio dos grandes ulmeiros. O cocheiro limpou a testa, entalou o chapéu de cabedal entre os joelhos e desviou a carruagem paraa alameda exterior, à beira da água, rente ao relvado.
Foi seguindo a margem do rio, pelo caminho da sirgagem, coberto de pedras soltas, e, por muito tempo, do lado de Oyssel, para lá das ilhas.