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Capítulo 31: VIII

Página 356
Tinha-lhe agarrado as mãos e segurava-as, estremecendo a cada batida do coração, como que em reflexo do desabar duma ruína. A medida que o estertor se tornava mais forte, o clérigo precipitava as suas orações; misturavam-se com os soluços abafados de Bovary, e às vezes tudo parecia confundir-se no surdo murmúrio das sílabas do latim, que soavam como dobre de sinos.

Subitamente ouviu-se no passeio um ruído de grossos tamancos, juntamente com o arrastar dum cajado; e uma voz rouca que começou a cantar:


Quantas vezes um belo dia de calor
Faz sonhar as meninas com amor.

Emma ergueu-se como um cadáver galvanizado, com os cabelos soltos, o olhar fixo, a boca aberta.


Para apanhar as espigas
Que os moços foram ceifar,
Nanette com as raparigas
Andou no campo a cantar.

- O cego! - exclamou ela.

E pôs-se a rir, com um riso atroz, frenético, desesperado, julgando ver o rosto horrendo do miserável, que se erguia nas trevas eternas como um espantalho.


Mas tanto o vento soprou
Que a saia lhe levantou!

Uma convulsão fê-la cair de novo sobre a cama, todos se aproximaram.

Deixara de existir.

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pág. 356 (Capítulo 31)

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Capa do livro Madame Bovary
Páginas: 382
Página atual: 356

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
PRIMEIRA PARTE – I 1
II 12
III 22
IV 29
V 36
VI 40
VII 46
VIII 54
IX 66
SEGUNDA PARTE – I 79
II 90
III 97
IV 112
VI 126
VII 140
VIII 150
IX 175
X 186
XI 196
XII 209
XIII 224
XIV 234
XV 246
TERCEIRA PARTE – I 255
II 271
III 282
IV 285
V 289
VI 307
VII 325
VIII 339
IX 357
X 366
XI 373