O Ingénuo, cada vez mais impressionado, perguntou quais eram os franceses que assim enganavam um monarca tão caro aos hurões.
- São os jesuítas - responderam-lhe - e principalmente o padre de La Chaise, confessor de Sua Majestade. Esperemos que Deus os castigue um dia e que sejam caçados como agora nos caçam. Haverá desgraça igual à nossa? De toda parte, Mons. de Louvois nos envia jesuítas e dragões.
- Pois bem, senhores - replicou o Ingénuo, que não mais podia conter-se, - eu vou a Versalhes receber a devida recompensa a meus serviços; falarei a esse Mons. de Louvois; - disseram-me que é ele que dirige a guerra, de seu gabinete. Vou falar com o Rei e dar-lhe a conhecer a verdade; não há quem não termine por se render a essa evidência. Em breve estarei de volta para desposar a senhorita de St. Yves, e convido-os a todos para o casamento.
Aquela boa gente o tomou então por um grão-senhor que viajava incógnito. Alguns pensavam que fosse o bobo do Rei.
Havia entre os convivas um jesuíta disfarçado que servia de espião ao reverendo padre de La Chaise. Trazia-o a par de tudo, e o padre de La Chaise remetia as informações a Monsenhor de Louvois. O espião escreveu. O Ingénuo e a carta chegaram quase ao mesmo tempo em Versalhes.